Tremores atingem a Península de Noto, deixando milhares sem energia e desencadeando alertas de tsunami ao longo da costa japonesa. Incêndios, desabamentos e interrupções em usinas de energia marcam os impactos do desastre natural.
Um poderoso terremoto de magnitude 7,6 na escala Richter abalou a Península de Noto, situada na costa noroeste do Japão, resultando em mais de 50 tremores secundários. A ocorrência causou destruição generalizada, incluindo desabamentos de edifícios com pessoas presas em seis casos relatados. O chefe de gabinete do Japão, Yoshimasa Hayashi, informou sobre esses incidentes em uma coletiva de imprensa realizada na segunda-feira.
A magnitude do terremoto desencadeou um alerta de tsunami, afetando severamente usinas de energia na região e resultando em mais de 30 mil famílias sem energia elétrica. As Forças de Autodefesa foram mobilizadas pelo governo para a área afetada, enquanto os serviços de emergência ficaram sobrecarregados com chamadas.
Um incêndio significativo eclodiu na cidade de Wajima, propagando-se por vários edifícios, conforme capturado em um vídeo da emissora NTV. A cidade foi atingida por um tsunami com altura mínima de 1,2 metros, o maior relatado pela NHK.
O Japão emitiu alertas de tsunami ao longo de sua costa ocidental, com áreas ao norte, como Hokkaido, registrando tsunamis. Residentes foram instruídos a se deslocarem para locais mais elevados, longe da costa, e permanecer lá até a suspensão do alerta.
O terremoto resultou na suspensão de alguns serviços ferroviários, interrupção das operações em centrais elétricas e o fechamento de estradas e uma pista de aeroporto devido aos danos. Os reatores nucleares foram submetidos a verificações, enquanto os serviços de telefonia móvel foram afetados.
Sete pessoas ficaram feridas em várias cidades da província de Ishikawa, com imagens de casas desabadas em Wajima. O risco persiste, pois a NHK alertou para a possibilidade de novos tsunamis, com um potencial de até 3 metros.
O impacto se estendeu às usinas de energia da região, com a usina Nanao Ohta, da Hokuriku Electric Power, paralisando unidades a carvão e resultando em uma perda de aproximadamente 1,2 gigawatts de capacidade. A Jera Co. também interrompeu uma unidade movida a gás em sua usina de Joetsu para inspeção.
Às 20h15, horário local, cerca de 32.600 famílias estavam sem energia, e a Autoridade de Regulação Nuclear do Japão afirmou que não foram encontradas anormalidades nas usinas nucleares da região, incluindo a usina nuclear Shika, da Hokuriku Electric, e a usina nuclear Kashiwazaki Kariwa, da Tokyo Electric Power.
O Japão, conhecido por sua suscetibilidade a terremotos, permanece alerta para possíveis tremores secundários nas próximas semanas, enquanto as comunidades afetadas enfrentam os desafios decorrentes do desastre natural.
Impactos Profundos: O Legado do Terremoto e Tsunami de 2011 no Japão e sua Resiliência Econômica
O último grande terremoto que provocou um tsunami no Japão, ocorrido em 2011, teve impactos devastadores não apenas em termos humanos, mas também causou danos significativos à economia do país. O terremoto de magnitude 9,0, seguido por um tsunami, atingiu a região nordeste do Japão em 11 de março daquele ano, deixando uma marca profunda em várias áreas:
- Perdas Humanas: O desastre resultou em uma tragédia humana, com quase 20 mil pessoas confirmadas como mortas ou desaparecidas. As comunidades costeiras foram particularmente afetadas, enfrentando enormes dificuldades na recuperação e reconstrução.
- Danos à Infraestrutura: O tsunami devastou cidades inteiras, destruindo casas, estradas, pontes e instalações essenciais. Além disso, as consequências do desastre incluíram vazamentos radioativos na central nuclear de Fukushima Daiichi, tornando-se um dos piores acidentes nucleares da história.
- Impacto na Economia: A economia japonesa sofreu um golpe significativo. O desastre resultou em perdas materiais enormes, interrupções na produção e uma redução nas atividades econômicas em várias regiões. Setores-chave, como a indústria automotiva e eletrônica, enfrentaram desafios devido à interrupção das cadeias de suprimentos e à queda na demanda global.
- Dívida Pública: Para financiar os esforços de recuperação, o governo japonês teve que aumentar substancialmente sua dívida pública. Isso elevou a já alta dívida do país, tornando-se uma preocupação em termos de sustentabilidade fiscal a longo prazo.
- Deslocamento Populacional: Muitos residentes foram forçados a se realocar devido à destruição de suas casas e comunidades. Isso teve implicações sociais e econômicas, com a necessidade de reconstruir e realocar comunidades inteiras.
- Efeitos a Longo Prazo na Energia: O acidente nuclear em Fukushima levou a uma reconsideração das políticas energéticas do Japão. O país começou a repensar seu compromisso com a energia nuclear e aumentou os investimentos em fontes de energia renovável.
- Lições Aprendidas e Medidas de Prevenção: O terremoto de 2011 incentivou o Japão a reavaliar e fortalecer suas medidas de preparação e resposta a desastres naturais. O país implementou melhorias na infraestrutura, sistemas de alerta e procedimentos de evacuação para minimizar danos futuros.
Em resumo, o terremoto e tsunami de 2011 no Japão não apenas tiveram impactos imediatos devastadores, mas também moldaram a trajetória do país em vários aspectos, desde a reconstrução física até mudanças nas políticas governamentais e na abordagem em relação à segurança e resiliência.