Governo apresenta projeto de Lei ao Congresso para modernização do parque industrial

Governo apresenta projeto de Lei ao Congresso para modernização do parque industrial

Incentivos serão compensados com tributação de painéis fotovoltaicos

O governo federal encaminhou ao Congresso Nacional um projeto de lei (PL) que propõe incentivos fiscais para a modernização do parque industrial brasileiro. Inicialmente, em 2024, serão destinados R$ 3,4 bilhões para o programa, conforme divulgado em edição extra do Diário Oficial da União no último sábado (30).

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou que o programa tem como objetivo aumentar a eficiência das indústrias nacionais e atrair investimentos. Em uma coletiva de imprensa realizada no domingo (31), Alckmin declarou: “[O programa] visa renovar o parque industrial e estimular investimentos. Vamos incentivar a troca de máquinas e equipamentos, estimular fábricas. Portanto, atende a esses dois objetivos: aumentar os investimentos e a produtividade.”

De acordo com o governo, a medida busca contribuir para o aumento do fluxo de caixa das empresas e da Formação Bruta de Capital Fixo, que mede a capacidade produtiva futura por meio da aquisição de maquinário. Além disso, espera-se elevar a taxa de investimentos no setor em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), atualmente em torno de 18%, considerado insuficiente para impulsionar o crescimento sustentável e de longo prazo da economia brasileira, conforme explicou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) destacou que as máquinas e equipamentos utilizados pela indústria brasileira têm, em média, 14 anos de idade, sendo que 38% deles estão próximos ou ultrapassaram o ciclo de vida ideal. Essa situação afeta a competitividade das empresas, exigindo maiores custos de manutenção e gerenciamento dos equipamentos.

Alckmin ressaltou a necessidade de agir nas causas dos problemas, visando o crescimento econômico mais forte e sustentável. Ele afirmou: “O nosso problema é baixo investimento e baixa produtividade. Então, nós precisamos agir para aumentar investimento e aumentar a produtividade. É a chamada neoindustrialização, uma nova indústria com inovação e verde, sustentável.”

O projeto autoriza o governo a utilizar a depreciação acelerada como instrumento para estimular setores econômicos a investirem em máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos novos. Essa medida valerá para as aquisições realizadas de 1º de janeiro até 31 de dezembro de 2024. A depreciação acelerada permite o abatimento do valor dos bens de capital nas declarações futuras de Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e de Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL). No caso previsto no PL, o abatimento das máquinas adquiridas em 2024 poderá ser feito em duas etapas: 50% no primeiro ano e 50% no segundo.

O governo destacou que não se trata de isenção tributária, mas de uma antecipação no abatimento a que o empresário tem direito. A fonte de recursos para a aplicação do benefício será a recomposição tarifária da importação de painéis solares e aerogeradores. Em 12 de dezembro, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) restabeleceu a tributação para células fotovoltaicas e equipamentos de energia eólica comprados no exterior. A medida visa garantir um ambiente de transição para o mercado, estabelecendo cotas de importação a 0% até 2027.

O programa beneficiará a maioria dos setores industriais, cuja definição ocorrerá após a tramitação do PL no Congresso, por meio de decreto presidencial. Além disso, uma segunda fase do programa poderá ser lançada conforme as disponibilidades orçamentárias.