Salvador, Agosto de 2019 – Três anos se passaram desde que o Coronel Nilson Giraldi, especialista em segurança pública, expôs a dura realidade da Polícia Militar brasileira. Em 2016, o cenário já era preocupante: policiais trabalhando em jornadas extenuantes, assassinatos de policiais em números alarmantes e a sombra da desvalorização pairando sobre a categoria. Em 2019, ainda que o contexto tenha evoluído, os desafios persistem e a necessidade de valorização da PM se faz ainda mais urgente.
Recordando as palavras de Giraldi, a atividade policial é “a mais abrangente que existe”. O PM não é apenas um agente da lei, mas também um socorrista, conselheiro, mediador e pacificador social. Seu trabalho exige versatilidade, coragem e preparo para lidar com as mais diversas situações, desde ocorrências corriqueiras até confrontos armados de alta periculosidade.
Em 2016, o Brasil perdia mais policiais em um ano do que os Estados Unidos em 15. Enquanto no Japão já se passavam 46 anos sem que um policial fosse morto em serviço, aqui a realidade era assombrosa. A cada saída de casa, a família do PM se despedia com a incerteza do reencontro.
É preciso lembrar que, além do risco constante à vida, o policial militar enfrenta uma série de dificuldades. Jornadas de trabalho extenuantes, que podem chegar a 12 horas diárias ou mais, sem direito a horas extras, refeições em horários irregulares e a impossibilidade de fazer planos são apenas alguns dos desafios que compõem o cotidiano daqueles que se dedicam à segurança pública.
A desvalorização profissional, uma ferida aberta na realidade da PM, se manifesta principalmente nos baixos salários. Em 2016, a remuneração média inicial de um policial militar no Brasil era de R$ 3.200, valor incompatível com a complexidade e o risco da profissão.
Essa defasagem salarial, agravada pelas condições precárias de trabalho e a falta de reconhecimento, continua a gerar consequências negativas em 2019. O estresse, a pressão psicológica e a frustração levam a problemas como o alto índice de divórcios e suicídios entre policiais.
“O policial carrega traumas profundos de companheiros assassinados, é presença constante em velórios de colegas e sabe que corre o risco de ser ele o próximo”, alerta Giraldi, ressaltando o impacto da violência na saúde mental da categoria.
Diante desse panorama, a necessidade de valorização da PM, defendida por Giraldi em 2016, se torna ainda mais crucial em 2019. Investir em treinamento, equipamentos, melhores salários e atenção à saúde mental dos policiais é essencial para garantir a qualidade da segurança pública e a justiça social.
Que esta crônica, publicada em agosto de 2019, sirva como um alerta para a sociedade brasileira. É preciso reconhecer a importância daqueles que dedicam suas vidas à proteção de todos, garantindo que esses heróis sejam tratados com a dignidade e o respeito que merecem. Afinal, como bem disse o Coronel Giraldi: “Se alguém duvidar do extraordinário trabalho que a polícia tem feito, mesmo com todas as suas dificuldades, tire-a das ruas por 24 horas e veja as consequências”.
A crônica de um Estado falido: A polícia baiana à deriva
A cada dia que amanhece na Bahia, uma nova estatística macabra se desenha: policiais militares tombados em serviço, vítimas de uma violência crescente que parece não ter fim. O sangue que mancha o solo baiano é um grito silencioso, um clamor por justiça e dignidade para aqueles que arriscam suas vidas diariamente para proteger a sociedade.
É estarrecedor constatar a desvalorização da força policial no Brasil, em especial na Bahia. Os PMs, verdadeiros guerreiros anônimos, enfrentam o crime de frente, com armas obsoletas, coletes balísticos vencidos e viaturas sucateadas. A remuneração, por sua vez, é uma afronta àqueles que dedicam suas vidas à segurança pública.
Como esperar que um policial, com um salário indigno, equipamentos inadequados e sem o devido reconhecimento, consiga desempenhar suas funções com a eficiência e a motivação necessárias? A resposta é clara: não se pode. A desvalorização da polícia é um tiro no pé do Estado, um suicídio em câmera lenta que coloca em risco a segurança de todos os cidadãos.
Na Bahia, a situação é ainda mais crítica. A violência explodiu nos últimos anos, e os policiais militares estão na linha de frente dessa guerra urbana. Sem o apoio necessário do governo, eles se tornam alvos fáceis da criminalidade. A cada policial morto, uma família é destruída, uma comunidade se sente mais vulnerável e o Estado se mostra mais omisso.
É preciso que a sociedade baiana acorde para essa realidade. Não podemos nos calar diante da desvalorização daqueles que nos protegem. É preciso cobrar dos governantes investimentos em segurança pública, valorização salarial dos policiais, modernização dos equipamentos e, acima de tudo, respeito e reconhecimento por aqueles que arriscam suas vidas para garantir a nossa.
A Bahia não pode se tornar um palco de tragédias anunciadas. A valorização da força policial é um passo fundamental para a construção de um estado mais seguro e justo para todos. Que o sangue dos policiais baianos não seja derramado em vão. Que suas vidas sejam honradas com a dignidade e o respeito que eles merecem.