Depressa, depressão, de pressão não pára. Portal de mundos nas mãos, fria sensação

Depressa, depressão, de pressão não pára. Portal de mundos nas mãos, fria sensação

Coluna: Entre vistas

Por: Augusto Mitchell

“…Distância produzida, resfria! Não há troca de calor, nem longs diálogos no café da manhã. Palavras abreviadas apenas.

Culpa-se a modernidade por isso! Dizem até que é coisa do Demônio, do Capeta! Cramunhão, rei da vaidade! Capa Preta miserável!
Oxe! Então, maldita seja essa “evolução regressiva”, de gente curvada, híbrida, esquisita e esquecida da vida. Linguagem primária, binária, trocada, adúltera, adulterada e abreviada! Desejos reprimidos!? Que evolução é essa meu Deus? Que nos coloca o mundo nas mãos, mas nos tira a paz e esfria o jantar? Que nos une quando longe estamos, mas nos separa quando tão próximos? Nos trai pela distração, nos atrai a traição!? Culpa da televisão? Não! Do caráter

Revolução tecnológica de poucos anos para cá! Quem explica essa aceleração? Quem pegou o fio da meada? Quem reinventou a roda lá no Vale do Silício? Quem começou a nos adoecer?

Engenharia reversa? Areá 51? Roswell? Extraterrestre? Toque na ponta do dedo. O “touch” que tocas não sente?! Tela quente vibra, mas sem vida! “Vc qm he?” “Bj!” “iai” “tmj”

O beijo tem ser por extenso e intenso, não abreviado minha querida! Assim é pitoque!

Estamos on-line, mas por um fio, presos por sua ótica.

Não! Não é coisa do cão e nem de nada fora do mundo! Desta vez não! A culpa está é em nós!

A água mata a sede, batiza, também mata, afoga! Molha semente, leva gente! Foi-se Domingo de manhã, gosto de pitanga na boca! Que maldade Chico! Que maldade!…” “…No apagar das luzes, no assentar do papel picado e no dissipar da fumaça, plateia vazia e pipocas espalhadas sobre o chão de barro. Tira-se a maquiagem lentamente. Diante do espelho velho e oxidado. A luz oscilante de um candieiro revela aos poucos a soturnidade em preto e branco. Não há tons de cinza, não mais! Branco e preto, nada mais!

O palhaço não riu dessa vez, novamente!

Lágrima ácida escore e derrete a máscara. Pintura para a “feliz-cidade”! Da matéria bruta, sem lapidação do ego ou da vaidade, quase não se vê mais, mas há vontade.

Tira-te então sob a visão, o obturador que captura almas de gente!

Calma gente! É sugestão. Não gritem! Não apertem a mente!…”

Parte da crônica “O Sorriso do Palhaço”

@augusto.mitchell